" Se o Cristo se encarnou para salvar a humanidade, então, tudo que nos desumaniza não pode ser divino." Pr Sandro

segunda-feira, 28 de maio de 2012

E o salário ó!

Um dia desses passei por uma experiência desagradável com um aluno. Depois de insistir para que fizesse as lições e parasse com os atos de indisciplina que atrapalhavam a aula e, como se não bastasse, começou ainda a usar um aparelho celular. Confisquei o aparelho e, ao encaminhá-lo para a coordenação, numa atitude raivosa (não era a primeira vez), o referido aluno abriu minha mochila, pegou meus pertences, foi ao meu encontro na sala de coordenação e, me desafiando aos gritos e xingamentos, foi embora. Esse aluno é reincidente e, já possuía uma "bíblia" de reclamações na escola desde o ano anterior. Todas as vezes que a mãe foi acionada para ir a escola, ao invés de apoiar os professores e disciplinar o seu filho, ela implorava ajuda ao mesmo tempo que nos acusava de persegui-lo (e outras tantas atitudes de ameaça da mãe aos professores, coordenadores e, em outra oportunidade, assistiu passivamente seu filho
desacatar uma policial militar que estava no local e tentava ajudar). A atitude dessa mãe, apesar de paradoxal, revela uma das crises mais graves que, em minha opinião, afeta nossa sociedade. A crise de autoridade. 

O próprio conceito de autoridade precisa ser reaprendido. Geralmente, confunde se autoridade com autoritarismo, com a imposição de poder, ou de uma ordem sendo dada aos gritos e ameaças. A autoridade deveria estar implícita a importância da função ou responsabilidade exercida pelo indivíduo ou instituição. Infelizmente, a banalização das instituições e das figuras que a representam, bem como sua desvalorização (principalmente da classe que represento) promovem esse tipo de comportamento. Tal banalização não se dá apenas por parte da sociedade, mas, essas autoridades cada vez mais contribuem, com seus atos anti éticos, para que tal aconteça.  

Os exageros da "nova psicologia" que tudo pode traumatizar ou constranger as crianças e a atual forma de educação infantil com ausência da consciência  de limites e a convicção falsa e perigosa de que, na vida, tudo são direitos e nada é dever, somadas a nossa cultura pós moderna e individualista  também contribuem com o quadro atual. 

O conceito de autoridade não pode ser tratado como uma coisa banal e desnecessária. Ele é quem regula nossas ações e delimita nossa conduta ética nas nossas principais relações sociais: família, escola, governo, relações de trabalho, entre outras. O repúdio e o descrédito dessas instituições passam pela crise de autoridade atual (pelas razões já citadas). 

Enquanto isso não acontece, ficamos a mercê da violência e do desprezo daqueles que deveriam respeitar, aprender,  interagir com esses importantes atores sociais. Ficamos também reféns do excesso de proteção desses abusadores e, desanimados, desempenhamos nossas importantes funções com desânimo, desinteresse e, muitos pervertem seu importante papel social, causando males ainda maiores. Quando não desistimos! Tenho presenciado muitos colegas de docência trocando sua importante vocação por outras atividades menos desgastantes e que lhe permitam mais reconhecimento, ou simplesmente mais dignidade. Experimente perguntar para um encarregado de uma empresa sobre o comportamento dos jovens que ingressam no mercado de trabalho e vai saber do que estou falando. 

Já está passando da hora pararmos para discutir e deliberar sobre ações que permitam a solução desse problema. Desde o diálogo e a conscientização, até a criação de medidas punitivas para reincidência ou casos mais graves, ou caminhamos a passos largos para anarquia geral. 



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