Na igreja atual, estamos ficando
cada vez mais místicos e menos humanos. Atribuímos todos os nossos infortúnios
e problemas as forças das trevas ou ao castigo divino, o mesmo fazemos com o
sucesso. Tornamo-nos tão “espirituais”, que até mesmo as decisões mais pessoais
que precisamos tomar devem ser
determinadas pelo sagrado. Acreditamos no livre
arbítrio, mas preferimos ser tratados como autômatos.
Nossa desumanização faz com que
os conflitos, tão naturais em qualquer relacionamento humano, sejam resolvidos
por uma sessão de exorcismo ou por campanhas de jejum e oração. Não nos permite
o diálogo ou a cura através do perdão e da humilhação. Não é estranho perceber
o tão grande número de pessoas afastadas da comunhão da Igreja por problemas
mal resolvidos, e, como já descrito em outro artigo: “pessoas não abandonam
igrejas, pessoas abandonam pessoas”.
E, porque não falar da
divinização do ser. Quantas pessoas não dão a glória devida a Deus a homens
que, sabem aproveitar a carência dessas pessoas e abusam de seus seguidores com
o argumento de serem “autoridades espirituais”.
Até mesmo as necessidades mais
básicas, e mais características da nossa humanidade, como a necessidade de
alimento, abrigo, etc., precisam ser resolvidas com jejum e oração, quando
poderíamos, num gesto de solidariedade e, semelhantes à primeira igreja,
contribuirmos com nossos próprios recursos para socorrer nosso irmão (segundo
Tiago, essa é a verdadeira religião).
Creio que, até nossa adoração mudaria. Seria
mais espontânea, afinal, não seria motivada pela troca ou pelo desejo de sentir
algo místico, e sim, por sentimentos reais, sinceros, humanos.
Não me tenha como herege! Como
cristão, acredito na presença e comunhão do Espírito Santo em nossa adoração
pública e na sua influência em nossa vida particular. O que quero observar aqui
é a necessidade da igreja moderna de transferir nossas responsabilidades e, por
que não dizer, nossa liberdade, para nos eximir de sermos responsáveis por
nossas ações.
O próprio Cristo se fez humano, e
completamente humano, para poder perdoar os nossos pecados. Como homem sentiu
sede, fome, desprezo, solidão, etc., contudo, o mais belo de sua atitude foi se
aproximar daqueles que eram desprezados pelo pensamento espiritual de seus
contemporâneos que os segregavam, ao invés de incluí-los. Não foram apenas os milagres ou sinais que
traziam a autoridade ao ministério público de Jesus. Sua bondade, graça,
misericórdia, tolerância, etc. foram fundamentais para que pudéssemos crer
Nele.
Foi Ele mesmo que disse que não
seríamos conhecidos pelas línguas estranhas ou pelos sinais e prodígios. Suas
palavras foram: “Nisto conhecerão que são meus seguidores. Se amarmos uns aos
outros”. Em minha opinião, não existe nada mais humano e espiritual do que
isto.
Pr Sandro. Você arrebentou em sua mensagem, abraço até mais.
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