" Se o Cristo se encarnou para salvar a humanidade, então, tudo que nos desumaniza não pode ser divino." Pr Sandro

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Ser humano outra vez, só humano outra vez...

O título desse artigo faz referência à canção entoada pelos objetos da casa do filme “A Bela e a Fera” da Disney. Eu estava assistindo (pela milionésima vez) com minha filha e fiquei pensando: “Às vezes, esse é o grito da minha alma”. No clássico desenho, os objetos tem um bom relacionamento entre si, não deixaram de serem fiéis ao seu amo, conviviam no castelo, mas, perderam algo que lhes dava o sentido de sua existência, sua humanidade.
Na igreja atual, estamos ficando cada vez mais místicos e menos humanos. Atribuímos todos os nossos infortúnios e problemas as forças das trevas ou ao castigo divino, o mesmo fazemos com o sucesso. Tornamo-nos tão “espirituais”, que até mesmo as decisões mais pessoais que precisamos tomar devem ser
determinadas pelo sagrado. Acreditamos no livre arbítrio, mas preferimos ser tratados como autômatos.
Nossa desumanização faz com que os conflitos, tão naturais em qualquer relacionamento humano, sejam resolvidos por uma sessão de exorcismo ou por campanhas de jejum e oração. Não nos permite o diálogo ou a cura através do perdão e da humilhação. Não é estranho perceber o tão grande número de pessoas afastadas da comunhão da Igreja por problemas mal resolvidos, e, como já descrito em outro artigo: “pessoas não abandonam igrejas, pessoas abandonam pessoas”.
E, porque não falar da divinização do ser. Quantas pessoas não dão a glória devida a Deus a homens que, sabem aproveitar a carência dessas pessoas e abusam de seus seguidores com o argumento de serem “autoridades espirituais”.
Até mesmo as necessidades mais básicas, e mais características da nossa humanidade, como a necessidade de alimento, abrigo, etc., precisam ser resolvidas com jejum e oração, quando poderíamos, num gesto de solidariedade e, semelhantes à primeira igreja, contribuirmos com nossos próprios recursos para socorrer nosso irmão (segundo Tiago, essa é a verdadeira religião).
 Creio que, até nossa adoração mudaria. Seria mais espontânea, afinal, não seria motivada pela troca ou pelo desejo de sentir algo místico, e sim, por sentimentos reais, sinceros, humanos.
Não me tenha como herege! Como cristão, acredito na presença e comunhão do Espírito Santo em nossa adoração pública e na sua influência em nossa vida particular. O que quero observar aqui é a necessidade da igreja moderna de transferir nossas responsabilidades e, por que não dizer, nossa liberdade, para nos eximir de sermos responsáveis por nossas ações.
O próprio Cristo se fez humano, e completamente humano, para poder perdoar os nossos pecados. Como homem sentiu sede, fome, desprezo, solidão, etc., contudo, o mais belo de sua atitude foi se aproximar daqueles que eram desprezados pelo pensamento espiritual de seus contemporâneos que os segregavam, ao invés de incluí-los.  Não foram apenas os milagres ou sinais que traziam a autoridade ao ministério público de Jesus. Sua bondade, graça, misericórdia, tolerância, etc. foram fundamentais para que pudéssemos crer Nele.
Foi Ele mesmo que disse que não seríamos conhecidos pelas línguas estranhas ou pelos sinais e prodígios. Suas palavras foram: “Nisto conhecerão que são meus seguidores. Se amarmos uns aos outros”. Em minha opinião, não existe nada mais humano e espiritual do que isto.

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