Vida artificial!

Hoje, alguém pode acordar pela manhã e comer uma deliciosa bolacha sabor tomate seco, acompanhada de uma deliciosa margarina sabor provolone. Depois de uma manhã exaustiva de trabalho, parar pra almoçar um delicioso miojo sabor picanha acompanhado de uma deliciosa porção de batatas sabor bacon. Na parada para o café, uma deliciosa porção de aveia sabor morango e no jantar um verdadeiro banquete: Miojo sabor Yakissoba, farofinha sabor carne seca e gelatina de manga para acompanhar. No final do dia me enganei com um delicioso banquete de acidulantes, conservantes, antioxidantes, etc. Pra quê parar para apreciar uma comida feita com ingredientes naturais
e com o charme de esperar enquanto desenvolvemos uma boa conversa?


Estava indo para a escola e o comentarista da rádio falava da nova profissão do momento: o personal shopper. Alguém que esta a sua disposição para ensiná-lo a fazer compras, ou comprar por você (existem aqueles que ensinam como ter estilo). Coincidentemente, pela manhã, assisti a um jornal (que imita o Good Morning America) e a reportagem falava acerca de postagens que são feitas por leigos e, para dar mais credibilidade aos seus escritos, são atribuídos a autores conhecidos, ou, na contramão dessa tendência, alguns  estão reescrevendo textos de autores conhecidos mudando apenas algumas palavras e assumindo a autoria da obra alheia.


Parece que estamos na época em que desaprendemos a pensar por conta própria, a ter ideias pessoais, sermos originais. Viramos adeptos da filosofia "copia e cola". O conhecimento, a moda, a cultura, as conversas informais, tudo parece estar massificado, ou,  sofre da síndrome de Dom Quixote, o personagem de Miguel de Servantes que lutava com moinhos de vento pensando que eram gigantes, cortejava uma aldeã como se ela fosse a dama Dulcinéia del Toboso, e via em prostitutas belas donzelas. Gente que se diz especialista de coisas das quais desconhece. Alguns gostam de desculpar se dizendo que tudo isso é por falta de tempo, que é uma exigência da vida moderna. Mas, encontramos tempo pra tanta coisa (assistir um reality show por exemplo) e não ganhamos tempo com um bom livro, uma discussão saudável ou outra forma qualquer de aprendizado.


Enquanto isso, assistimos a uma geração que esqueceu como contestar. Aceitam passivamente as reportagens sobre corrupção, desigualdades sociais (já somos a 7ª economia do mundo e nossa população vive muito aquém dos índices econômicos do país), exploração das minorias, etc. 


O Brasil precisa urgente de pensadores. Não estou falando de filósofos ou pensadores acadêmicos, e sim, de pessoas que abstraiam sua realidade, que repensem constantemente a vida, a sociedade, que também saibam viver além de si mesmos. Assim, acredito que poderemos realizar as grandes mudanças que nosso país precisa (para não esquecer: já chega de notícias de corrupção e quedas de ministros, imoralidades na vida pública, já esta na hora de aprendemos a votar!!!!! ou, de exigirmos a ética necessária de nossos representantes).


Chega de mediocridade!