As maiorias das pessoas nutrem a
idéia do senso comum do que é ser um bom cristão. Tanto para os de “dentro”
quanto para os de “fora”, ser um bom cristão está na capacidade de cumprir com
uma lista de coisas que eu posso fazer e outra de coisas que não posso fazer.
A conduta de boa parte dos
cristãos esta baseada no desempenho. Quanto mais regras sou capaz de obedecer,
mais maduro e santo eu sou, ou ainda, quando não fundamentasse na performance
espiritual que deixa alguns mais exóticos do que com aparência de santos.
Acredito que muitos impõem ou
submetem - se a essa condição pela difícil tarefa de exercer sua liberdade.
Afinal, não é fácil ser livre.
Exercer liberdade requer o
exercício da responsabilidade. Ser livre é estar entre os amigos e parentes,
mesmo estando no ambiente não religioso, e mesmo assim ser santo. Para os
livres, o desafio da vida santa está na prática de vida entre as pessoas não
cristãs. Assim como Jesus, é poder estar entre os não cristãos (no caso de Jesus:
prostitutas, cobradores de impostos, mulheres e homens de má fama, etc) e não
se comportar como um deles, ao contrário, ser um influenciador e um canal de
esperança aos perdidos.
Já o legalismo é seguro. Eu não
me envolvo, não estabeleço relacionamentos (a não ser com os “espirituais” como eu) e, o único
mérito por trás da salvação sou eu mesmo. A prática do legalismo me faz ser
notado, me dá status de “santo”, “puro”...e esse, pra mim, é o maior pecado que
alguém pode cometer: o pecado da auto-expiação. É acreditar que eu, pelos meus
próprios méritos, posso salvar a mim mesmo.
Ser livre requer compaixão. De
mim mesmo, por entender que não sou perfeito, e dos outros. Exige de mim a
prática do amor sacrificial e a tolerância para com todos, entendendo que somos
seres em construção. Já
o legalista é duro consigo mesmo e com os outros. Suas exigências consigo faz
com que seja sempre frustrado, afinal, ninguém nessa vida é perfeito, e também
é muito duro e impiedoso contra os outros.
A liberdade é relacional. Precisa
dos outros para ser exercida. O legalista é solitário ou está sempre envolvido
apenas com seu grupo religioso. Estar em outro ambiente ou com outras pessoas
pode ser um pecado mortal (ainda que seja apenas uma festa de família, ou uma
volta na praia).
Enfim, é muito mais fácil ser
legalista. Ter sua vida previsível, pautada pelas “regras” de conduta e sentido
se seguro. Já ser livre exige disciplina, amor, tolerância, ser amigável, ter
compaixão, etc...mas sem dúvida, quem experimentou a liberdade não se conforma
com as cadeias, ainda que sejam invisíveis.
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