" Se o Cristo se encarnou para salvar a humanidade, então, tudo que nos desumaniza não pode ser divino." Pr Sandro

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O mito da caverna




Platão criou a alegoria conhecida como "Mito da Caverna" onde, segundo ele, a maioria dos seres humanos se encontra como prisioneiro de uma caverna, permanecendo de costas para abertura  luminosa e de frente a uma parede escura. Devido a luz que entra na caverna, o prisioneiro comtempla na parede no fundo as projeções dos seres que compõe a realidade. Acostumado a ver somente as projeções, assume a ilusão do que vê, as sombras do real, como se fosse a verdadeira realidade.
Me apropriando da figura do mito da caverna de Platão, às vezes, acreditamos que nossa espiritualidade
está confinada a ser exercida nos templos, nos encontros religiosos, ou nos nossos rituais privados. Conseguimos desassociar nossa vida espiritual da nossa vida secular. Daí o conceito de que tudo que é secular é diabólico e tudo que é feito em nome de Deus se torna divino (desde que seja feito no ambiente e com as regras certas). Mas, a orientação bíblica parece caminhar longe dessa perspectiva. Tiago ensina que a verdadeira religião se expressa no cuidado dos mais necessitados (Tg 1:27). Ele usa a expressão "visitar", ou seja, sair do templo e ir na direção onde eles estão - dar não apenas ensino religioso e promessas religiosas- também consiste em alimentá-los, restaurar-lhes a dignidade perdida, ajudá-los física e emocionalmente a superar as dificuldades da vida. Paulo orienta Timóteo a cuidar da família. Quem assim não procedesse era considerado pior que o ímpio. Acredito que cuidar do bem estar da família não se resume apenas a orar por eles ou levá-los a igreja, mas inclui também caminhar no parque, dar boas risadas, dedicar tempo e atenção, etc. E o que dizer de Jesus? Acusado de ser beberrão e comilão pelos fariseus, sabia muito bem se relacionar socialmente com todos. Gosto da história de seu primeiro milagre. Se você se recorda foi numa festa de casamento (João cap.2). Aí eu pergunto, se Jesus não havia realizado nenhum milagre público ainda, por que Ele foi convidado então? Eu só consigo enxergar uma resposta: Jesus era muito bom de relacionamentos! Apenas alguns exemplos bíblicos da nossa espiritualidade prática.
Ainda vejo a graça de Deus se expressando de outras formas (multi e maravilhosa graça). Quando vou à praia e avisto o mar tenho o mesmo êxito de Davi (Salmo 19:1); quando minha filha me chama de papaizinho (mesmo que seja pra pedir alguma coisa) sinto a satisfação divina de ser pai (a semelhança do" Pai"). Consigo enxergá-la nas artes; na poesia, num bom livro, num dia de "não fazer nada" (ultimamente raros) na rede na casa dos sogros....
Antes de me julgar, não quero que me leve a mal. Amo a Igreja (institucional). Pertenço a minha denominação a 20 anos e sou apaixonado por ela. Só não acho que, nem ela ou qualquer outra são as únicas depositárias da Fé Cristã e da Graça de Deus. Elas são apenas parte Dela. Como passo mais tempo fora do Templo preciso que minha comunhão com Deus e minha relação com Ele seja mais intensa do que apenas poucas horas semanais.
Já dizia Caio Fábio (em áureos tempos): "Não pode haver vida no culto se não houver culto na vida"

Sandro.

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