" Se o Cristo se encarnou para salvar a humanidade, então, tudo que nos desumaniza não pode ser divino." Pr Sandro

sábado, 24 de setembro de 2011

A grande descoberta!

Quando iniciei no ministério, o perfil de liderança que disseram a mim ser o ideal era o de Moisés descendo do monte transfigurado. Alguns dos meus mentores e líderes diziam que deveria haver uma certa distância entre o Pastor e o rebanho. Esse comportamento poderia garantir a reverência necessária para desempenhar bem o ministério. Algum leigo me chamar pelo nome antes das iniciais "Pr." poderia ser considerado um sacrilégio. Confesso que acreditei por muito
tempo nisso. Para nós o conselho era - "Amigo de pastor é outro pastor"!
Esse conceito não estava apenas na mente dos líderes. Quando recebi minha primeira licença Pastoral, as pessoas naturalmente se afastaram de mim. Os jovens da igreja já não me consideravam como um deles, então, nem tudo poderia ser dito mais quando eu estava presente. Com o tempo, eu comecei a sofrer as consequências desse distanciamento. Apesar de estar sempre rodeado de uma multidão de pessoas, os relacionamentos sempre eram superficiais. Não podia dividir meus medos, minhas alegrias, minhas frustrações, falar de trivialidades e jogar conversa fora com ninguém que não fosse um amigo com credenciais. Como gosto  de gente (aqui peço licença para parafrasear o Pr. Hernandes Dias Lopes: "Gente precisa de Deus e gente precisa de gente".) comecei a quebrar essa regra e, por vezes fui aconselhado a não dar tanta liberdade para o rebanho sobre o pretexto de perder a autoridade. Transgredir esse princípio foi o primeiro passo para minha "Grande descoberta"! As pessoas são incríveis e ao mesmo tempo são difíceis! A pior delas era eu mesmo!
Além de cultivar relacionamentos encantadores e colecionar também decepções, descobri a liberdade de ser humano. Não um mito ou um semideus,  apenas humano! Sou alguém que erra. Longe da perfeição, preciso de cada pessoa para amadurecer minhas emoções e minha compreensão da vida. Na redoma do Ministério Pastoral corre se o risco de nossa predica estar distante da vida real das pessoas. Nós pastores deveríamos nos conduzir mais com transporte público, estudar não apenas teologia, mas sentar no banco da faculdade com pessoas não cristãs (lugar onde nosso título não vale nada) e aprender a trabalhar em equipe se submetendo a outras pessoas tão normais quanto nós (o espaço é curto mais poderia citar outros ambientes).
O Pr. Ed Rene Kivitz tem a melhor definição do chamado pastoral pra mim. Somos pessoas com dons (Grifo meu). Não crio nas pessoas expectativas que não posso suprir. Eu erro como elas e preciso praticar a grandeza de pedir perdão sempre que isso acontece! (Você deveria ver a surpresa das pessoas ao ouvirem um pastor lhes pedindo para perdoar lhe).
Ser "normal" nunca me atrapalhou no ministério. Nunca tive uma crise de autoridade por causa disso. Acredito ser mais respeitado hoje do que quando mantinha relacionamentos superficiais com o rebanho.  Vejo na figura de Jesus que Ele nunca precisou ser autoritário para ter autoridade. Ao invés de "Pastor Sandro" com a pompa e a Reverência requerida pelo cargo, as vezes sou chamados pelos jovens da igreja que eu pastoreio de "Meu malvado favorito" (coincidentemente, meus alunos da 5ª série tiveram a mesma ideia). Pelos amigos mais chegados de Sandrão. Apesar disso, nunca deixaram de reconhecer o meu chamado pastoral. Dividem comigo suas aflições, necessidades, dúvidas, pedem conselhos, orientações, orações, etc.
Me descobrir humano me possibilitou desempenhar com mais excelência o trabalho divino.

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