" Se o Cristo se encarnou para salvar a humanidade, então, tudo que nos desumaniza não pode ser divino." Pr Sandro

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Problemas de um país sem memória.

Por esses dias, depois de insistir muito com um aluno do 1º colegial para que deixasse de ficar sentado sobre a mesa e sentasse sobre a cadeira, fui surpreendido pela seguinte frase dele: "Isso aqui tá parecendo pior que a Ditadura Militar". Ele me deu a oportunidade de falar um pouco sobre o assunto.
Não vivi os dias de chumbo da ditadura militar. Não acompanhei as notícias de tortura impostas pelo regime (a não ser pelos documentários). Não tive a chance de participar ou sequer ver algumas das manifestações contra a ditadura, mas pude viver minha
 infância e parte da adolescência nos tempos finais daquela triste era. Na escola eu tinha que me levantar ao entrar qualquer adulto na sala de aula. Antes mesmo do expediente escolar éramos obrigados a cantarmos hinos de cunho patriótico e hastearmos a bandeira, ora da cidade, ora do estado, ora da nação. Não havia ainda o discurso de um Estado laico, por isso, éramos obrigados a rezar o Pai Nosso e Ave Maria antes das aulas.  Se cometesse qualquer ato de indisciplina na escola era humilhado com castigos inusitados (escrever não sei quantas vezes no quadro...., ficar de costas para a classe) e se meus pais soubessem o que aconteceu, ainda era castigado em casa. Não era permitido entrar atrasado na escola; sem a carteirinha escolar (que era constantemente revisada pelos pais) ou mesmo sem o uniforme.
Antes de todo programa de televisão havia um aviso da censura que aquele não era um programa apropriado para determinada idade. Nessa época, os pais levavam esse tipo de aviso a sério e éramos obrigados a procurar outras coisas para fazer. Para assistir uma cena de nudez era preciso esperar os pais irem dormir e ligar a TV bem baixinho na "Sala Especial" (dava para ver de relance alguns bustos desnudos). Tinha horário pra tudo. De estudar, de ir para escola, de arrumar a casa (eu e meu irmão tínhamos todos os dias - inclusive os finais de semana - tarefas domésticas para fazer), horário para brincar. Não podíamos ficar na rua depois das 10:00 h sobre o pretexto de sermos confundidos pela polícia como indigentes ou sermos presos por vadiagem (tínhamos que andar constantemente com documento de identificação no bolso).   Quem dava um beijo em qualquer menina na escola se tornava o herói da turma!
Hoje em dia, todos tem qualquer informação a distância de um clique. Podem se expressar da forma como quiserem. Na moda, na cultura, na sexualidade, na religião, na política, etc. São livres e esse é o problema! Não sabem ou não aprenderam a ser livres. Tem liberdade e meios para conhecer qualquer coisa, mas preferem ser superficiais. Possuem mais recursos que qualquer jovem da época da ditadura (tecnológico, financeiro, diversão, oportunidades, bens de consumo, etc) mas preferem ser cativos da ignorância. Podem ler qualquer livro, mas preferem ser analfabetos. Experimenta fazer um teste simples de língua portuguesa ou matemática com operações simples aos jovens e adolescentes da escola pública (salvo raras exceções) e vai comprovar o que eu estou dizendo. São livres para se expressarem contra os desmandos da política, da sociedade, mas levam vidas rasas e sem relevância (com celulares no ouvido o dia todo, ou a aula toda, ouvindo uma batida repetitiva de fundo e uma "letra" de música que deprecia as mulheres e valoriza a vida bandida do tráfico, ainda têm aqueles que gostam das músicas vocálicas do tipo "lerelerelele"). Desprezam a liberdade conquistada por alguns que doaram literalmente a própria vida para conquistá-la.
Como um homem esperançoso vou lançando sementes. Lemos na classe o conto de Lygia Fagundes Teles "História de Passarinho" e discutimos em sala sobre o valor da liberdade.
A pior ditadura que podemos viver é a da ignorância. Se for para ser inerte não vale a pena ser livre!
Sandro

3 comentários:

  1. E ainda achamos que a vida é dura. É a realidade mudou mesmo e para pior né Pr.

    Deus abençoe!

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  2. Fins dos tempos Pastor Sandro,onde a inversão de valores está tão clara em todas situações,mas tudo
    é nos dado a medida da nossa fé,pela oração vamos chamar a existência as bençãos do Senhor,sobre esta Nação,fique com Deus.

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  3. O julgamento é a pior de todas as ditaduras observe isso:
    Não sabemos o dia de amanhã.

    “Conta-se uma estória de uma aldeia, onde havia um velho muito pobre. Ele possuía um lindo cavalo branco. Numa manhã ele descobriu que o cavalo não estava na cocheira.

    Os amigos disseram ao velho: – Mas que tragédia, seu cavalo foi roubado!

    E o velho respondeu: – Calma, não cheguem a tanto. Simplesmente digam que o cavalo não esta mais na cocheira. O resto é julgamento de vocês.

    As pessoas riram do velho. Quinze dias depois, de repente, o cavalo voltou. Ele havia fugido para a floresta. E não apenas isso; ele trouxera uma dúzia de cavalos selvagens consigo.

    Novamente as pessoas se reuniram e disseram: – Velho, você tinha razão. Não era mesmo uma tragédia, e sim uma bênção.

    E o velho disse: – Vocês estão se precipitando de novo. Quem pode dizer se é uma bênção ou não? Apenas digam que o cavalo está de volta…

    O velho tinha um único filho que começou a treinar os cavalos selvagens. Apenas uma semana mais tarde, ele caiu de um dos cavalos e fraturou as pernas.

    As pessoas se reuniram e, mais uma vez, se puseram a julgar: – E não é que você tinha razão, velho? Foi uma tragédia mesmo, seu único filho perder o uso das duas pernas.

    E o velho disse: – Vocês estão obcecados por julgamentos! Não se adiantem tanto. Digam apenas que meu filho fraturou as pernas. Ninguém sabe ainda se isso é uma desgraça ou uma bênção.

    Aconteceu que, depois de passadas algumas semanas, o país entrou em guerra e todos os jovens da aldeia foram obrigados a se alistar menos o filho do velho.”

    Muitas vezes o que achamos ser uma tragédia pode ser a graça de Deus agindo em nossa vida!

    Talvez o deserto onde você se encontra, seja uma forma de Deus te fazer aprender, crescer, depender dEle.

    A tempestade que sobreveio sobre o barco de Jonas, era graça de Deus para trazê-lo de volta ao caminho da obediência.

    Terça passada estive pregando em um presídio. Ao final daquela pregação fui conversar com um daqueles detentos.

    Ele havia entregado sua vida a Jesus naquela noite e me disse assim: “Foi Deus que me trouxe a este lugar para que eu me encontrasse com Ele. Estou aqui apenas por uma semana pois não paguei pensão alimentícia”.

    Apenas uma semana! Mas foi marcante para a vida daquele homem. Uma aparente tragédia, talvez tenha sido a maior benção que ele já recebeu, pois tivera um encontro com Cristo naquele lugar!

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